quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Terra que se foda


Por Andrew Klavan

Dia 22 de abril é o Dia da Terra, e para homenagear esta ocasião, eu gostaria de dizer que por mim, a Terra que vá para o inferno.

A Terra – para aqueles que ainda não perceberam – é uma rocha condenada a uma lenta espiral eterna em um caldeirão de plasma explodido que, por falta de um nome melhor, nós chamamos de sistema solar.  Existe apenas uma única coisa interessante ou digna à respeito deste pedaço de entulho espacial condenado: ele proporciona as condições necessárias para manter a vida. (Diga-se de passagem, a chance de isso ocorrer seria ridiculamente impossível se Deus não existisse – tão impossível que cientistas foram obrigados a inventar todo tipo de cenários bestas de multi-universos com o único propósito de se convencerem que Deus não existe.  Mas isto é problema deles e irrelevante para mim.)

Então a Terra mantem a vida. Yuuupi!  E existe apenas uma coisa interessante e digna à respeito da vida – só uma – e esta coisa é a mente humana.

“Cacete, o Klavan está falando de Cultura”, você deve ter pensando, ou mesmo dito – porque, vamos ser sinceros, você é um tipo bem esquisito de gente – quero dizer, basta olhar pra você.  De qualquer maneira, “Duplo Cacete”, você deve estar dizendo, “como é que você pode dizer que a mente do homem é a única coisa interessante e digna à respeito da vida?  E quanto a beleza de uma gazela correndo?  E a nobreza do voo de uma águia?  E o impressionantemente impressionante céu sobre as ondas âmbar chocando-se nas montanhas roxas sobre planícies com pomares?  E quanto aqueles sonhos glaceados recheados com creme?  Eu amo esses sonhos de padaria!”

Primeiro de tudo, pare de falar tanta coisa, este blog é meu.  E dois, não existe nenhuma beleza, ou nobreza, ou algo impressionantemente impressionante – nem mesmo o sabor de um sonho de creme – fora da mente humana. A ciência ainda não se decidiu, mas a própria realidade pode ser em parte um produto da mente humana pois há alguns aspectos do mundo que não parecem se resolver até que os observemos.  Mas de qualquer maneira, a gazela estaria em disparada por nada, a águia seria uma máquina alada de comer, os céus e as ondas e as montanhas seriam sonhos sem sonhadores se o homem não estivesse aqui para contempla-los.

No momento que você percebe isso, tudo muda.  Você não se preocupa mais com o esgotamento de recursos energéticos da Terra, porque você percebe que não existem recursos energéticos – nunca existiram – existe somente formas variadas de matéria que nossas mentes, a mente do homem, transforma em recursos energéticos para nosso prazer e comodidade.  Eles nunca irão se esgotar enquanto estivermos aqui, porque nossa mente não tem limites e irá inventar mais.

Você não se preocupa mais com poluição, porque você sabe que assim que pessoas livres se incomodem com isso, outras pessoas livres resolverão o problema com motores de combustão menos poluentes e filtros.  Onde está o fog londrino? Onde está a neblina de Los Angeles? Onde está a neve dos últimos anos?  Ok, eu só tinha curiosidade sobre este último.

Você não se preocupa mais com a Terra, porque a Terra está aqui para nós, e não o contrário.  A Terra não é nada além do local que vivemos – por enquanto.  Devemos mantê-la razoavelmente limpa e agradável.  Mas uma obsessão doentia por uma limpeza impecável te transforma em um repressor pentelho – ou um ambientalista – e torna a vida das pessoas menos confortável, não mais.

Sempre pratiquei atividades na natureza.  Eu passeio.  Eu pesco.  Eu corro pelas florestas reproduzindo cenas do filme O Amante de Lady Chatterley.  Ou eu fazia isso, antes de ser impedido por uma ordem judicial.  Eu acredito que uma precaução razoável pelo bem do ambiente deveria balancear a busca do lucro daquelas pessoas incríveis que nos proporcionam toda a maravilhosa energia que precisamos.  Eu acredito que podemos chegar nesta precaução razoável enterrando todos os ambientalistas que conseguirmos encontrar até o pescoço e jogando mel na cabeça deles para atrair formigas.  Vocês gostam de formigas, não gostam?  Então aí está um ótimo jeito de celebrar o Dia da Terra!

A Terra não está aquecendo de forma catastrófica.  Extração de petróleo não causa terremotos.  Devemos encontrar e usar cada gota de petróleo que conseguirmos – há o suficiente para mais alguns séculos, época em que estaremos vivendo na Alfa Centauro, abastecendo nossos carros voadores com papel higiênico ou páginas velhas da biografia de Barack Obama ... desculpem a redundância.

Então que se foda o Dia da Terra.  Eu gostaria de declarar hoje – e todos os outros dias – o Dia da Mente do Homem.  Celebre isto – promova isto – glorifiquem isto – porque a Terra, podem acreditar em mim, vai se virar sozinha.


Andrew Klavan é um premiado autor e roteirista de Hollywood.
Tradução de Fernando Chiocca
O original em inglês se encontra aqui.

8 comentários:

  1. kkkkkk vi o video do paulo kogos sobre as georgia guidestones e vim parar aqui

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  2. Gostei mesmo, mas gostei mais das formigas nos ambientalistas charlatões...,

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  3. Eu sinto um humor Douglas Adams nesse texto, melhor forma de humor britânico

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  4. Eis aí um fruto da mente humana que conforta os demais, boa reflexão. Como diz Jesus, tudo que está aqui os ladrões roubam ou as traças corroem. Melhor pensar em salvar nossas almas.

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